quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Deus me dê fígado


Deus me dê fígado, pois ainda tenho o planeta inteiro pela frente. Um fígado mais suportável, um fígado mais pujante, um fígado que não cometa qualquer atrocidade... Um fígado do Olímpio, mas não o de Prometeu, pois já está muito comprometido pelo castigo dos deuses. E se falando em deuses... Gritei, ah, eu gritei o quanto pude e o quanto tinha de voz para pedir clamor por um fígado melhor.
Um fígado que encare de cara limpa os absurdos dos hospitais, que enfrente as inconseqüências dos vícios humanos, e que nos dê cabimento de extrapolar o quanto quiser. Um fígado perfeito [perfeito quando me refiro a um sem seqüelas hereditárias], um bom fígado, parecido com o sabor da nossa mesa.
Um fígado dessente que não peça pinico depois de várias noites de farras... Depois de uma ostra, ou até aratu. Um fígado super-homem, mas não o da liga da justiça. Eu só queria um fígado plausível que não sucumbisse por qualquer coisa... Por qualquer besteira.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A poesia como necessidade humana


A poesia se constrói no ato da necessidade humana. A necessidade de expressar o que vive intrínseco, ou seja, o que vive profundamente em nós,
Em nosso ser.
O ato de escrever poesia oferece ao autor e leitor uma troca de experiências vividas, uma intercomunicação sentimental. O autor expressa em suas poesias um jogo de experiências, de visões, de conceitos e principalmente de “loucuras” (devaneios). O poeta se diverte escrevendo... Ele brinca, chora, angustia-se, se deprime... No entanto o verdadeiro poeta vive várias vidas sem porém perder a identidade: SER "OUTRO" SEM DEIXAR DE SER "EU".

Para o poeta escrever exige o ato de ler, padecer e criar. Parece meio simbolista mas não é só o simbolismo que usa esse meio, e sim quase todas as escolas literárias que usam a dor/sofrimento como um caminho da inspiração. Nós não só padecemos quando escrevemos como também, padecemos quando lemos e vivemos outras histórias de outras vidas passadas, pois a leitura nos dar esse privilégio grandioso do eu lírico.

O grande ovo de Colombo em escrever, É que não só colocamos os nossos desejos, nossos sonhos, nossas visões... Mas despejamos todas as nossas “verdades”, todos os nossos anseios, tudo o que há de bom e de ruim para fora... Escrevemos para exorcizarmos!

Derramamos todos os conceitos/princípios morais éticos e não ético e não morais. Derramamos todos os ódios dos nossos corpos, excretamos todas as censuras classicistas. Enfim, ponhamos para fora todos os códigos lingüísticos
Que vestidos de segredos e mistérios fecundam na imensa caixa de pandora: nossas vidas!

Filosofia Palhaciana

PALHAÇO,
Tu és o desvario do mundo,
A loucura sensata,
A risada reinventada,
O rosto melado...
E mais nada.

Cigarro/amor


A fumaça do cigarro entra pela boca e entorpece os pulmões. Bendita fumaça!... Pois o amor entra não sei como e entorpece nossos corações.

Só as estrelas ouviram


Entoei para os céus a mais triste canção.
Pus meu coração no ventre sem razão.

Só as estrelas ouviram!...

Elas sim puderam presenciar a minha dor,
E escutar o meu clamor.

O céu escuro estava a me tomar,
As estrelas no infinito hão de se tornar
Brilhos sem fim até o amanhã voltar.

Só as estrelas ouviram!...

Elas sim puderam ver a minh’alma
Rasgada, humilhada, sem alma.

[...]

Estrelas que vagam pela noite sem juízo,
Derramando seus feixes de luzes centeios,
Envolve-nos em tua luz...
Carrega-me se chamais Jesus?

Só as estrelas ouviram!...

E derramei minha ultima lágrima em tua visão.
Estrelas das noites eternas,
Lançai-me em teu espaço e tira tão triste solidão.
Sucumbi meu corpo,
Protege meu coração.