terça-feira, 30 de novembro de 2010

TRABALHO


Fizera da vida um inferno, onde o trabalho era primordial. Sua vida fora milimetricamente contada, usou o relógio para contar suas horas de trabalho e descanso. Relacionou-se efetivamente e moralmente com o vínculo do trabalho – a produção. No entanto o que sintetizara dessa - ARTE MANUFATURADA, de certo modo, era tristeza e evasão. Não sei se era pelo fato de não sentir-se completo, diante daquela realidade do trabalho duro e cansativo. Também não sei se era loucura ou puramente ignorância, robustez, estupidez. O fato é que compilando sua vida de trabalho, só o que lhe restara era o fardo, o cansaço. Lazer nem pensar. Isso soava como sarcasmo – Onde que um sujeito tão trabalhador tem tempo pra vadiar?... – o trabalho lhe tomou o tempo, o resto era repouso... dormida! Combinou sua vida ao puro antiÓcio, igual ao coelho maluco que estava sempre atrasado, correndo contra um tempo que não era seu, faltava algo... e arrastava seu ínfimo desejo de produzir sempre – Então, pra que servia, se não para trabalhar?... – A sede que lhe secara o entusiasmo palpitava como nunca, toda vida debruçada nas horas infernais duma produção especulativa que no final acabou num absurdo velho e sem remorso, sem sentido próprio... uma pedra, máquina, cyborg, construído para o trabalho. Mecânico, sua atitude era brutal! Como uma pessoa se doa a uma força de expressão assim? Não transmite compaixão, felicidade, pena, não se sente abalado, vigora quase sempre com imponência. Frustrado, não vive e nem transmite vivência pra ninguém. Mas o trabalho irá ser o seu nome no futuro – Fulaninho foi uma pessoa batalhadora, trabalhou muito!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

DRUMOMMD O POETA DE SETE FACES


Para o poeta Carlos Drumonnd de Andrade a poesia que tanto viveu e representou refletiu a vida, a arte, a existência duma forma geral. Em sua longa caminhada literária, passou de fato por várias fases – quando se percebe que conforme o tempo vai passando, as poesias vão tendo um tipo de adaptabilidade dos então chamados “tempos novos”, por isso as tão chamadas faces de Drummond que ele mesmo toma como título duma poesia e sustenta até hoje o título de poeta das sete faces. O resultado disso é refletido no final da poesia “poema de sete faces” – “mundo, mundo, vasto mundo, Mais vasto é meu coração” – que perpassa num universo romântico do Eu e seus sentimentos conflitantes. O poeta pertence inicialmente à segunda fase moderna, no entanto suas poesias vão sendo alteradas conforme o cronos (tempo) passa; o poeta como nós, está também atrelado às mudanças e fases do tempo histórico. Ele fundamenta na literatura o cotidiano que manifestava já dentro da semana de arte moderna de vinte e dois. Drummond afinal, é o nosso Baudelaire afirma Mário Chamie escritor e professor conhecido em vários países.

É fato que Drumonnd para cada momento novo, cada fase que passara, dela, transfigurava para o infinito mundo das letras e seus sentidos. Em sua longa carreira como funcionário público, Carlos, nascido no interior de MG em Itabira, descreve em sua poesia que declara ser confessional – “noventa por cento de ferro nas calçadas, oitenta por cento de ferro nas almas...” assim ele apresenta, na história reinventada por ele mesmo, o tempo que vivera em sua cidade – “tive ouro, tive gados, tive fazendas, hoje sou funcionário público e Itabira é apenas um retrato na parede.”
Sua órbita de palavras – significantes e significados – transformou a linguagem da literatura brasileira, dando-lhe novas dimensões, vestimentas, roupagens, construindo ora sentido semântico – referenciais, pressuposições, elementos coesivos e coerência em suas prosas e até poesias, ora sentido pragmático – inferência, entrelinhas. As suas contribuições para o mundo da literatura, da filosofia, da sociologia, da lingüística e do estudo do sentido foram demasiadas, pois logo no princípio das suas manifestações literárias, o cunho ideológico que seguira era o da proeminência social. Carregado pelo o socialismo que figurava uma nova ação no mundo de ordem social, mudança econômica que surtiria um avanço na igualdade dos povos, Drumonnd escreve “A Rosa do Povo”.

O poeta, na reflexão da existência, da vida, reconfigura e transforma o que antes era um sujeito simples e interiorano, Carlos, num eu lírico conflitante, contorcido “gauche” descrito no poema O Anjo Torto – “Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida”.
Sua arte ultrapassa as paredes duma poesia bela, harmônica, parnasiana, e entra no mundo da metalinguagem – a linguagem em si mesma, controverte o sentido da arte imposta até então, quebra ritmos, assonâncias, e propaga neologismos, variações lingüísticas urbanas, como todo modernista que fez muito bem o seu dever de casa. “O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar”, palavras ditas com sapiência de um herói que já sofreu e aprendeu o que é o amor, amar – amando. Em “Amor Natural” se descobre um Drummond erótico, falando de um amor nu, desnudo, o sexo como liberdade das sensações, liberdade da libido.

Carlos Drumonnd de Andrade é indubitavelmente uma prova de que os homens (ser humano) tem o potencial de analisar, criar, recriar, figurar, sintetizar a realidade, a história, a arte, e que todo patrimônio desenvolvido pela humanidade é o recurso primordial, é esse recurso que chamamos de cultura, é ele que nos dá a sustentação, base para um melhor entendimento de mundo e de desenvolvimento intelectual. Suas “pedras” que serviram de empecilhos, sua placa indicadora do “stop”, sua “rosa” possivelmente metáfora ideológica, seu “continho” que cabe no bolso, e seu “José” que imita a vida, são imagens de figuras que possibilitam uma problematização, uma inferência pragmática do sentido.

História medíocre


Monstruosidade? Quem ousa despertar a fera adormecida?
Ainda é cedo, mas as trevas já devoraram uma parte de tudo.
Quem agora pode virar a página do livro?...
A lauda está ausente de história,
Podemos figurar e materializar a saída, a fuga, o escape...
Ou a perca dos sentidos.
Ou até mesmo a morte!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O VAZIO DO JARRO BARROSO


O VAZIO DO JARRO BARROSO
É VAZIO PELA AUSÊNCIA
DAS COISAS QUE VEM
A PREENCHÊ-LO.
A MENDIDA
SENSATA DE
PREENCHIMENTO
SADIO E REPRESENTATIVO
DEVE IR ALÉM DAS ATITUDES,
SONHOS, INTUIÇÕES, BEL PRAZERES.
É PRECISO DE MUITA VIRTUDE PARA SE
COMPLETAR NO INFINITO DO PENSAMENTO.
O VAZIO DO JARRO IRÁ NOS PROPORCIONAR
UM ELO DEMASIADO ENTRE A MATÉRIA E A
ENERGIA – ESPÍRITO IMPULSIONADOR DOS
EPISÓDIOS HISTÓRICOS E CULTURAIS DE
NOSSO GRANDE MUNDO MODERNO.
É PRECISO TER UM ESPAÇO VAZIO
PRA CONSTRUIR ALGO NOVO.
É NO VAZIO DO [NADA]
QUE SE CONSTRÓI TUDO!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Dossiê: Traição


A MAIS VIRIL MULHER DESALMADA

Sejas tu a mais viril mulher desalmada,
Tu que entraste em minha casa,
Feriu descomedidamente meu instinto de amar...
Criou um demasiado abismo entre ser e estar.

És tu impiedosa Capitu de meus desejos...
Com cheiro de bálsamo banhastes meus anceios,
Da volúpia tiraste a libido e o prazer findável
De vertigem e sede viciaste meu sangue afável.

Sucombistes – D. Madame – minha razão.
Entoastes para toda parte tua miserável ação.
Não traistes só a mim que fui teu fiel amante,
Traístes a verdade e a poesia no mesmo enstante.

Realidade disvirtuosa, paradoxa e emanente,
Arraigou profundo determinismo inexoravelmente.
Sentido do passado de Abel e Cain,
Nos laços da traição – “quem tem pena de mim?"

CONFLUÊNCIAS DE DESEJO

No convexo da cama despertamos fazeres
De luxúrias, gozos... prazeres!
Incumbimos todo nosso desejo exacerbado
De fera, servo... escravo!
Na intimidade de nossos corpos,
Trocamos verbetes, códigos!
Na supremacia das vontades,
Exuberâncias, verdades!
No limiar do sentir entrelaçado de coxas
Arranhões, mordidas, marcas de ronchas.
Na desenvoltura estética do sexo
Nossos corpos fundidos de líneo ao convexo.
Unimos nossas almas pela traição
Culpados cônjuges da monótoma relação.
Do ódio conjugal extraímos virtude
Da inteira senssação alheia... a completude!

DOR E CORTE

A ferida aberta traga a dor do corte,
O inpulso medíucre se omite e sofri.
O coração suplica em melancólico sofrimento,
A dor brutal inrrompe – Tormento!
O real episódio caira como Édipo,
A amaldiçuada traição vinculada de ego.
O tempo homérico entoando a tragédia,
A mulher sofrível – És quimera!
A inesquecível imagem arbitrária vela,
A sensação [ainda] do corpo dela.
O sentido mutilado como filho tirado,
O caminho escrito – Jaz amputado!
O fulturo estimado sem mais pedaços,
O corpo presente padece os estragos.
A narvalha respingando sangue de verdade
A tatuagem na carne – Vaidade!
O horizonte dos dois esvairecendo,
A traça ao mesmo tempo corruendo.
A garganta sucumbida do palato venenozo,
O sepultamento encerra a libido – Gozo!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Eu, Freud e minha possível amante


Tudo começa em 1933, estamos no ápice da psicanálise, alguns teóricos chegam até afirmar que a cura da psicopatia humana advém da mente, portanto da psicologia. Diante de tal acontecimento, busquei em todas as fontes que pude encontrar em livros, revistas e comentários sobre esse tão falado “pai da psicanálise”, a cura de minha inquietação. Foi aí que me deparei em um universo de hipóteses e construções bem articuladas e cuidadosamente observadas pelos então renomados cientistas da época. Logo após refleti depois de leituras e mais leituras, e surpreendi-me com uma complexa questão: a possível cura da dupla personalidade. Debrucei-me no fundo da compreensão humana, que naquela época fizera uma lógica incrivelmente associada ao positivismo comtiano... Um método do qual associa uma interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento a uma ética humana radical, onde a sociedade intelectual no “tempo” dispunha para observar os distúrbios da psique humana.Era primavera, naquele ano estava tudo ocorrendo bem para mim, tudo se passava na mais perfeita harmonia, meu trabalho estava numa fase incrível... Até aumento obtive!Na sexta-feira prometi aos meus filhos...

– vou levá-los ao parque!

Divirto-me muito quando vou lá, me sinto como se voltasse à infância, no meu mundo onde tudo era ternura, felicidade, aventura, gozo; por isso permito sempre esse prazer demasiado aos meus meninos, também já tive esse tempo de contemplação.Vivia uma situação econômica favorável (vivia basicamente bem), achava eu que a chave para a felicidade era saber viver na monotonia dos tempos selvagens. Era uma pessoa tranqüila, onde nada, ou quase nada que me confrontava surtir-me-ia algum efeito. Sempre me mantive com a cabeça erguida para qualquer problema que pudesse acontecer, pois da minha vida naquele tempo, eu fizera um rio de otimismo que em suas águas transparentes carregavam todas as esperanças que no mundo existiam. E gostava de ser “claro”, bem claro no que digo. As minhas posturas sempre arrancaram elogios alheios, principalmente dos meus críticos – chefe, vizinhos e até inimigos “ferrenhos” – procurava sempre me manter na hora correta e no momento exato das coisas... Eu era muito pontual. Um dia me perguntaram [Eu ainda lembro]

– O senhor é religioso?...

E sem dá tempo de responder, logo interrogaram novamente.

– A que religião o senhor pertence?...

Fiquei meio assustado com o interrogatório, mas afirmei com abundante estilo

– Às vezes leio a bíblia!
Eu era de um estilo de homem “politicamente correto”, não gostava de falhas, mas se Falhassem comigo Concederia o perdão, afinal de contas, somos simplesmente humanos, às vezes vestidos de deuses e diabos, no entanto... Homens! Morávamos em uma casa muito grande, em Frankfurt, onde o bairro chamava-se Sachsenhausen nome advindo de algumas famílias imperiais que existiam na antiga Prússia (Alemanha e alguns países atuais). Tinha uma esposa e dois filhos que eu os amava muito e eles a mim. Minha mulher se chamava Sofia Göendester, e meus filhos eram Arthur Von Göendester e Johann Von Göendester. Tínhamos um laço amoroso demasiado forte, éramos tipicamente uma família burguesa, uma família aparentemente feliz sem tristezas e nem conflitos. Amava perdidamente a minha mulher... Ela era linda! – quando comecei a namorá-la, a mais de dez anos passados, achava que ela era a mulher mais bonita do mundo!... Exagero? Não!... Paixão! – porém o tempo é um grande deus faminto que devora nossas carnes e consome as nossas vidas. Vivemos até o ponto momento que as nossas carnes suportam, quando esperamos algo, mais tarde, aquele algo já passou, a chama da paixão ou do entusiasmo diminuiu, e posteriormente o que resta-nos é o respeito e a gratidão.Trabalhava no jornal Nova Aurora, escrevia artigos de opiniões, crônicas e poesias sobre o cotidiano caótico que estava a grande Alemanha. Os soldados nazistas nas ruas, o novo Reich, a crise econômica e o caos da nacionalidade. Sempre fui muito pontual – ah, isso eu já falei! – acordava todos os dias de 05:00 horas da manhã e tomava meu café e ainda lia meu jornal para poder ter uma noção do cotidiano político e social. Todos os dias eu ia trabalhar as 07:00 horas e voltava de 16:00 horas, e tudo não fugia da grande monotonia que circundava a minha vida. Porém não contava com a grande façanha do acaso, o acaso me colocara no caminho demasiado complexo... Um magistral complexo da natureza, como no belo romance de Gustave Flaubert “Madame Bovary”, estava eu amordaçado pela traição.

Saíra do meu trabalho as 16:00 horas, como normalmente acontecia, andava sempre nas mesmas ruas cotidianamente, de contínuo pelo mesmo caminho. Vinha eu da avenida bahnhofsviertel, quando cruzei para outra avenida... Trombei em uma linda mulher. Uma mulher muito linda e vistosa obtinha uma beleza descomedida [parecia com um quadro de pintura, especificamente o de Sandro Botticelli, “o nascimento de Vênus”, ou até mesmo a escultura da deusa Afrodite de Ático Praxíteles século IV a.C.] pensei voando no meu mundo imaginário e continuei a olhá-la e fitá-la como nunca fiz em vida com ninguém – NASCEU! – Afirmei em meus pensamentos! – NASCEU COM TODA FORMA ENCANTADA – Meus fluxos psicológicos agiam deliberadamente, sem nem se quer ouvir ninguém! – BROTANDO FLORES RARAS EM JARDINS SEM FIM – e continuei a imaginar – NOVENAS DE ORNAMENTOS DECORAM TEU ESPLENDOR. VIVIFICAS TODAS AS CRIATURAS QUE VIDA OBSCURA TEM-SE. ÉS LINDA COMO O CANTO DA LIRA MAIS PERFEITA. TUA BELEZA SURPREENDE O CANTO DAS HORAS. TEU LOGOS MANIFESTA A CURA INSÓLITA. ATUA VIDA SE ENTRELAÇA COM TODO INFINITO DO EXISTIR. – Ela olhou mais um pouco e pediu-me desculpas, no entanto falei rapidamente...

– Desculpas digo eu moça!... Eu que estava andando pelas ruas todo desorientado!

E assim ela não insistiu e disse

– Está bem, eu aceito as desculpas! Mas poderia, por favor, ajudar-me com os meus livros que caíram na colisão?

– Claro! Claro!

Logo após da entrega do livro, não poderia deixar essa moça tão encantadora ir assim, sem nem conhecê-la realmente. E meio tímido ainda por está eu embasbacado com tal e significante beleza feminina, trêmulo e nervoso ainda perguntei...

– Como se chama a linda senhorita?

Pensei em todas as possibilidades de haver uma rejeição da parte dela, mas não havendo rejeição nenhuma ela respondeu.

– Monich Metzger!... Mas então qual é o seu?

Respondi com louvor...

Friedrich Gottfried Göendester!
– Perdão por remeter a tanta intimidade, mas a senhorita mora aqui mesmo em Sachsenhausen?
– Sim! Aqui mesmo! A duas quadras daqui! Pensei rapidamente e ousadamente, convidei-la para jantar e para desculpar-me da colisão. Julguei a mim mesmo não ter uma aparente intenção, embora tivesse! – Gostaria de convidá-la para jantar, para poder desculpar-me da batida.
– Não! Não! Não precisa! Foi sem querer, ninguém é culpado!
– Mas... eu insisto, para desculpar-me! Se não vou julgar-me culpado diante dessa situação.
– Estar bem, já que o senhor insiste...

Naquele momento, esquecera que existira em meu seio, uma esposa e dois filhos que muito me amava e eu o mesmo. Estava vidrado em sua imagem... Nada naquele momento fizera lógica, a não ser o fato daquela mulher que tinha acabado de conhecer, estar ao meu lado. Saímos para um restaurante perto dali, onde tinha maravilhosos pratos regionais. Chegamos ao restaurante maravilhoso, chama-se Frankfurter Grüne Sauce (molho verde frankfurteano). Pedimos um bom vinho de maçã “apfelwein” e um prato muito popular na Alemanha, A salsicha “Frankfurter Würstchen” e o molho verde "Grüne Sauce". No decorrer do jantar foi acontecendo naturalmente às perguntas e as trocas de intimidades. Lembro-me ainda da comunicação que voava livremente, parecia que já a conhecia há muito tempo, uma intuição martelava no meu peito como se tudo isso já fosse vivido. [...] Não conseguia pensar em mais nada. Sua boca macia como uvas a serem degustadas, seus olhos me pareciam caminhos de águas claras sem fim. Estava definitivamente atraído! Acabou o jantar, e para palavra de fim de história foi essa...
– Adorei muito ter te conhecido, gostaria muitíssimo sair mais vezes!... Ah, você já foi desculpado pela colisão, beijo e até mais vê-lo!

E foi assim que ela se despediu. Em mim, deu uma enorme esperança de encontrá-la novamente e debruçar em seus encantos. Ah, já tinha esquecido, ela deu-me seu endereço, podia quantas vezes aspirasse enviar cartas para ela. Fui para casa, essa noite eu cheguei mais tarde, falei para minha esposa...

– tive que trabalhar até mais tarde hoje... Estou muito cansado! Vou dormir!

E sem desconfiar de nada a minha esposa falou:

– Está certo meu querido!... Durma na santa paz.

Depois de duas semanas inquietantes resolvi mandar uma carta, contendo uma seguinte proposta:
– Desejaria muito ter-la ao meu lado, no entanto sou casado e tenho dos filhinhos lindos. Não posso abandonar meus filhos, logo agora que tanto precisam de mim. Contudo se desejar querer ser minha possível amante dar-lhe-ei tudo que estiver ao meu alcance.
Passado alguns meses depois daquele nosso encontro no restaurante, Monich não respondeu a minha carta. Pensei logo, foi tudo um fiasco! E ainda sentira atração suficiente para não esquecê-la. Porém para minha surpresa depois de alguns dias da minha desilusão amorosa que nem tinha se concretizado, chegou uma carta de Monich dizendo que aceitaria tudo para ficar comigo. Embora desconfiasse o porquê de tanto tempo sem se comunicar comigo, não tinha eu olhos ainda para perceber o que estava acontecendo de fato.
Nós marcamos de nos vermos outra vez na sexta-feira as 20:00 horas no mesmo restaurante. Agora tinha outra intenção no meio de tudo isso, a atração que nos envolvia era extremamente grande e não havia como pará-la e nem queríamos. Monich estava linda de vestido vermelho de metila e seu cabelo entrelaçado caído em seu ombro esquerdo. Era a perfeita estética da beleza, cujo signo, símbolo, significado ou significante chamava-se linda. Não demoramos muito no restaurante, estávamos irrequietos pois ansiávamos na plena troca de desejos e prazeres... Sexo! Fomos para um hotel luxuoso, e lá entrelaçamos nossas pernas, juntamos nossos corpos até se fundir em uma só vida. Foi um belo clássico norteado de vinho e volúpia, onde a traição só existia como uma regra da moral religiosa que não mais afetava aquele corpo chamado EU. Todavia não esperava que dessa volúpia se extraísse a vertigem que iria de corroer-me por toda minha vida.
Depois de dois meses de aventura e prazer, Monich se mostrou diferente do habitual. Ela dissera para mim que me odiava e tudo que tinha feito era para iludir-me e enganar-me, disse também que era seu fetiche controlar os homens, deixar-los loucos por ela e no fim abandoná-los. Fiquei perplexo, como ela teria tal ousadia de me dizer e fazer tal absurdo? Não, não! Ela não poderia fazer isso comigo! Implorei para que fosse tudo um engano, para que fosse tudo um sonho que logo-logo iria acabar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Deixa embaraçosa


Deixe-me chorar o sofrimento do mundo.
Deixe-me beber uma bebida amarga da qual possa acrescentar a minha dor.
Deixe-me só, e que a solidão seja o meu senhor.
Deixe-me mundo dessa deixa embaraçosa.
Deixe-me por inteiro, por conseguinte... Por imediato!
Mas não me deixe em paz,
Só me deixe chorar um pouco mais.

Drummond


No mundo encontro pedras,
Pedras tão boas quanto às de Drummond.
Avisto cercas e uma placa... Stop!
Afinal de contas quem foi mesmo que parou?
Aproprio-me de uma rosa
De tal beleza descomedida,
Que empacou nos cárceres sujos e corruptos.
Noto o quanto é vasto esse mundo
Mas não ouso dizer:
Mais vasto é o meu coração!
E conto, quanto o conto cabe no meu bolso,
Cada conto mirabolante desse
Grande mas não berrante coração.
E José?
O agora já se perdeu e nem mais um trago
Pode trazer a sua marcha.
O mundo é mesmo vasto,
Por isso calo-me todas às vezes
Quando percebo que o amor é grande
E cabe no breve espaço
De beijar.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Prefiro os deuses!


Uma vez me disseram que as guerras eram acometidas por honra, território e pelas intrigas dos deuses. E que elas faziam parte do nosso sistema civilizatório... Guerra para a evolução humana!
Essa evolução seria necessária depois de várias batalhas e choques ideológicos, porém inevitavelmente ocorriam mortes, destruição – abismos!
Mas as guerras defendiam certo interesse, que não oscilou muito com o decorrer dos tempos. Esses interesses podiam ser familiares, regionais, nacionais, internacionais ou simplesmente econômicos.
Das guerras dos deuses até hoje sinto falta. Que pena!... Os tempos mudaram. Hoje as guerras têm um novo padrão, Tem um novo sistema... Destruir tudo em nome das grandes empresas corporativas e bancos.
Ah, tempo bom era os dos deuses!