sábado, 20 de dezembro de 2008

Pernambuco mortal

– PERNAMBUCO –
Terra de coqueiros
E homens bravos...
[Glória!]

Mas, não me atenho
Ao esplendor...
[Nem tampouco aos seus encantos naturais.]

Entretanto, ao não Pernambuco das fontes,
Das belezas...
[Não as pontes!]

Ao não Pernambuco da justiça,
Da ordem...
[Não ao puritanismo!]

Ao não Pernambuco das revoltas,
Das conquistas...
[Não a praieira!]

Ao não Pernambuco dos heróis,
Dos confederados...
[Não a maçonaria!]

[...] Porém, viva!... Aos não heróis,
Franzinos...
[Jagunços!]

Viva!... Pernambuco das mortes,
Da fome...
[Segregados!]

Viva!... Pernambuco das desigualdades,
Do sangue...
[Descaso!]

Contudo, Pernambuco é meu lar,
Meu “canto”...
[Minha casa!]

– Toma uma dose! –

Pernambuco sem mais nada!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

No meu testamento
Eu quero assim...
Primeiro o nome,
O meu nome!
O nome é a chave
Primordial do infinito.

– Wilhemm Wagner –
...No cume
Esquerdo do papel!
A seguir...
O título!
Abaixo do nome:
– O testamento de Wilhemm Wagner –
[Como forma impertinente da vida após a morte.]
Posteriormente os versos...
Pedidos, desejos,
Apelos e pertences...
Pertences de valor!

[...] Valor?

Mas, leitor...
Não tenho eu nada que me valha
O tanto quanto o valor de mim mesmo...
Posso deixar?...
A mim mesmo?
Não! Não!
Vou está morto...
Morto não serve!...
Pelo menos a matéria.
Então, o que deixo?...
Sim! Sim!
Estás completamente certo!
Então deixarei
Para os meus herdeiros...
Dois livros e uma frase
[Frase que muito estimo.]

[...] Sei que queres saber!
Não agüentas mistérios
Não é?
Pois não lhe vou dizer!...
Agora não!
Deixe de ser inquieto e ansioso!
Tudo tem sua hora...
Tudo tem seu tempo!
E o meu tempo...
Ainda não cessou!

Começarei então o meu testamento,
Do qual a minha existência
Após a morte, depende inteiramente dele...
E assim eu desejo:

Primeiro – no dia da minha morte
Quero que todos os meus amigos
E até colegas prestigie-me.
[Mas, não controlo os desejos alheios?]
Eles tanto poderão ir,
Como não irem!...
[Dependerá de suas vontades e desejos.]
Seus desejos são incontroláveis!
...Pois bem!

Então vamos para o segundo desejo!
Segundo – gostaria que lembrassem
Os dias de gozos
Que tiveram comigo...
E não chorassem!
[Não chorar, creio que é ser pedir muito.]
Porém,
Lembrem que nós rimos muitas vezes,
Que somos todos eternos!...
Que nossas matérias
Sumirão,
E que no entanto,
Nós sempre estaremos vivos
Nas mentes futuras.
Lembrem-se vós que somos todos deuses,
Que decidimos nossas atitudes,
Que construímos tudo...
E todos!

[...]

Todavia, pedirei para tocarem
Um jazz-blues.
Ficaria demasiado contente
Que no dia de meu velamento
Dançassem e cantassem
Para prestigiar-me.
Seguido da chuva Machadiana...
E no percurso fúnebre
Da despedida...
As lágrimas entorpecidas de saudades
E lembranças perpétuas!

Ah!... Quereria muito
Que vós vivêsseis!...
Que vós aproveitastes!...
Que vós morrêsseis em águas claras
De velhice e sem dor.
Pois a vida – coisa estranha
Que ninguém desvenda –
Passa-se em segundos...
Minuciosos!
Porém,
Um segundo
Para um bom aprendiz...
Dura uma eternidade!

[...] E o terceiro e último...
É que não sei se dá azar
Ou não,
Fazer mais de três pedidos...
O que?...
Somos superstições
Também!
Uma vez que em vários anos
Da vida – a qual participei
Ativamente um longo período
De existência –
Vi o tempo como
Infinidade!
– O tempo infindável –
E nas mãos como papéis
E letras...
A indagação e o exorcismo!
Percebi,
Em todos esses anos de vida,
Que essa mesma vida,
É constituída
De alguns elementos
Complexos e paradoxais,
E que nossas existências fornece
Para nossas mentes
Apenas uma produção
Do imaginário invento... Surreal!
Que somos belos e tudo
E todas as coisas possuem
Estabilidades.
[...] E que agora tudo é bonito
Demais para nós.
E que tudo agora
É seguro demais para existir.


Deixarei: Memórias póstumas de Brás Cubas
E antologia poética de
Mario Quintana.
E a frase?...
Resolvi não deixar,
Pois a encontrarás em
Becos e vielas
Da vida.





"Para alguém que lê e gostar,
Pois não tenho a quem deixar.
Não tenho herdeiros,
Amigos e nem lar!"

domingo, 14 de dezembro de 2008

Transtornos


O vento ao tocar-me,
Causa em minhas entranhas
Ânsias nebulosas de desespero e aflição...
Lamentos!

O calafrio dado externamente...
Fundi-se!...
Não propriamente com o interno jogo do medo,
Mas necessariamente com meus versos.

Ao som da infinita majestade sonora,
Transporto-me para um universo sem grandezas...
Sem mais nada desse mundo estereotipado.

Não tenho mais lágrimas!...
Meus olhos ressecam diante
Da impertinente ignorância dos velhos rótulos...
Que circunda-nos!

Nas pálpebras envelhecidas...
Sinto os pesados e continuamente
Cansados tons de baixezas e bagatelas...
Deploráveis a visão.

[...] Olhos nem rostos...
Nem tatos e nem tampouco prejuízo algum
Poderá destruir o pensamento mais sensato
E mais terno:
Não há nada a provar!



quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Explosão de palavras [expressões]


As palavras são expressões dos
palatos por excelência!...
Expressos palestrantes experienciais do passado.

Expressando paladares [palavras],
Expelindo e experimentando as expirações...
Palhaços pálidos palmeiam e
Explanam explicitamente a explosão das palavras.

No palco de palha das expressões,
Palestrantes expandem expressionismos palpitantes,
Expostos como expositores das expectativas pálidas...
[palermas!].

Expor palavras, palhaços e expressões,
Explorando experimentalmente a extensão
da expoente palavra...
Expulsa paliativamente os expressos
[palatos dos expedidores].

Explanando a experiente expiração,
Paladares expõem explicitamente em palestras!...
Palavras expedem explosões de expressões!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Entre um trago e um gole


- O que busco?
- Nem mesmo sei!
- O que faço?
- O de sempre!
- O que sigo?
- Nada...
- E de vez em quando tudo!
- O que quero?
- Tantas coisas...
- Inclusive nada!
- [...] Dane-se!
- Quero um trago de cigarro!...
- E um gole de cerveja!...
- Para saciar-me!

Tempos paralelos


À vela sobre a mesa...
O tempo propício para grandes aventuras.
Imaginemos! Idealizemos!
Transfiguremos!...
Tudo que sonhamos, tudo que vivemos,
Tudo que resta-nos.

A pouca luminosidade daquela velha amiga,
Porém sempre presente nos meus épicos
(moinhos de ventos).

Traço a realidade um pouco tímida ainda,
No entanto os meus fazeres
Mostram ao mundo a minha astúcia
E perspicácia.

Mesmo aqui, com as minhas palavras
Devassas (reais),
No ponto exato que me refiro...
Sufoco-me às vezes e em todas as noites de velas.

Tendo uma figura quase desastrada
(sem forma ou com toda forma mal estruturada),
Um bigode saliente,
Uma barriga de causar inveja a qualquer fanfarrão...
Sinto-me no auge da minha compreensão.

[...] As noites aqui são muito difíceis!
[escrevo numa mesa de madeira empoeirada e desnivelada... Um pouco! E iluminada
Apenas por uma pequena vela...]

Estou sentado num banquinho totalmente robusto,
Porém professo:
“O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo”.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Loucura circense



“Ser louco é minha virtude, mas como toda virtude, e ainda mais a virtude de ser louco tem seus males, o meu martírio é de ser sempre incompreendido”.

Dialética



"... A minha barba,
Já não suporta mais
A minha estúpida vaidade...
Que repentinamente
Aplaude a si mesma."

Palhaçadas

Sou Palhaço!... Um sujeito divinal.
Uma pessoa cujo riso é sua graça.
Palhaço... A extrapolação da alegria!
O tom mais alto depois dos Deuses.
Palhaçada... Onde rir é infinito!
Estando em complexa e desalinhada sintonia,
O palhaço vive sorrindo!

Então, Vós dizeres que tudo é mentira?
Tudo é ilusão?
Tu vedes palhaços em todos os lugares?
Vós já presenciastes as graças de um bom Palhaço?
... Não me venhas com dialéticas!
O palhaço é o ser mais autêntico do universo!

O palhaço configura a graça, dando-lhe
Novas dimensões nunca vistas antes.
Ah!...Os Palhaços! Ah!...As Palhaçadas!
Nunca me esquecerei
Das boas-aventuranças de um bom palhaço.
Porém...
Até o Palhaço chora às vezes!

Corpo fechado


O mundo inteiro é um.
Somente um corpo...
De indeterminadas
Variações.

Cada ponto entrelaçando
Outro ponto qualquer.
Uma complexa rede de...
Idéias,
Sonhos,
Desejos,
Ilusões.

Uma única forma de expressão.
[...] Um único gozo,
Volúpia,
Devaneio.

Um único corpo...
[corpo proibido.]
Um único cárcere...
[cárcere descomedido.]

[...] Uma única forma de apreciar a vida...
[ser livre é apenas continuar preso...]
[preso aos grilhões do corpo.]

Onde ser livre é somente navegar...
[por entre pedras.]

[...] O mundo todo é um...
Um só modo
Uma só condição
- A condição humana -


Deuses nas nuvens


Vejo deuses nas nuvens...
Deuses esplêndidos nas alturas.
Cada nuvem, deuses diferentes.
Um conjunto de deuses do Olímpo.

Praticando esportes deuses se entretêm,
Numa combinação fantástica de cores.
Um maravilhoso mundo das potencialidades.
Deuses... Brincando de seres imortais.

Vejo Zeus com seu alto tom de poder,
Manipular os raios luminosos
De alta ferocidade para os imortais.
Observo... Heróis aprendendo com os deuses.

Avisto Héracles com toda sua força,
Movendo montanhas de fumaças.
Noto nos seus músculos a exuberância
Dos dons dotados por Zeus.

Deuses... Heróis... Imortais...
Uma união demasiada miraculosa
De complexas existências mitológicas,
Que em nuvens...
Aprofundam o universo do ser.

Elogio à loucura


Momento exorbitante...
[...] O doce perfuma daquela,
Da extraviada
Loucura!

No pálido dia...
A reluzente loucura
Presenteia-nos
Com sua rica
Lucidez!

Asseguro- me da infinita
Volúpia...
Dos contentamentos fugazes
E tempos estátuas.

Escuto o inconfundível
Tom da mais formosa
Loucura sinfônica.

[...] soa como jamais haverá
Outro tom assim...
Um improviso do jazz.

A loucura cumpre o que desde cedo
O homem descobriu...
[“a loucura é o ápice da lucidez”.]
[...] só os loucos contemplam o acaso!
Só eles vivem intensamente
Uma vida.


Só os loucos...
São loucos
Por serem autênticos!




Ordem ao Ócio



Vais, te levantas verme insensato!
Mexes-te enquanto tens tempo!
Tira da tua última gota de esperança
o escarro da tua triste vida.

Corres!... Pois o teu curto fio de vida
está próximo da infinita morbidez
que te espera ansiosamente.

Agis!... A tua matéria parou?
Teu corpo já não suporta mais
o teu caráter lúgubre.

Vais, mostra-te quem és!...
E que a lama, mascara do teu corpo,
não forjes mais o teu ser autêntico.