terça-feira, 30 de novembro de 2010

TRABALHO


Fizera da vida um inferno, onde o trabalho era primordial. Sua vida fora milimetricamente contada, usou o relógio para contar suas horas de trabalho e descanso. Relacionou-se efetivamente e moralmente com o vínculo do trabalho – a produção. No entanto o que sintetizara dessa - ARTE MANUFATURADA, de certo modo, era tristeza e evasão. Não sei se era pelo fato de não sentir-se completo, diante daquela realidade do trabalho duro e cansativo. Também não sei se era loucura ou puramente ignorância, robustez, estupidez. O fato é que compilando sua vida de trabalho, só o que lhe restara era o fardo, o cansaço. Lazer nem pensar. Isso soava como sarcasmo – Onde que um sujeito tão trabalhador tem tempo pra vadiar?... – o trabalho lhe tomou o tempo, o resto era repouso... dormida! Combinou sua vida ao puro antiÓcio, igual ao coelho maluco que estava sempre atrasado, correndo contra um tempo que não era seu, faltava algo... e arrastava seu ínfimo desejo de produzir sempre – Então, pra que servia, se não para trabalhar?... – A sede que lhe secara o entusiasmo palpitava como nunca, toda vida debruçada nas horas infernais duma produção especulativa que no final acabou num absurdo velho e sem remorso, sem sentido próprio... uma pedra, máquina, cyborg, construído para o trabalho. Mecânico, sua atitude era brutal! Como uma pessoa se doa a uma força de expressão assim? Não transmite compaixão, felicidade, pena, não se sente abalado, vigora quase sempre com imponência. Frustrado, não vive e nem transmite vivência pra ninguém. Mas o trabalho irá ser o seu nome no futuro – Fulaninho foi uma pessoa batalhadora, trabalhou muito!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

DRUMOMMD O POETA DE SETE FACES


Para o poeta Carlos Drumonnd de Andrade a poesia que tanto viveu e representou refletiu a vida, a arte, a existência duma forma geral. Em sua longa caminhada literária, passou de fato por várias fases – quando se percebe que conforme o tempo vai passando, as poesias vão tendo um tipo de adaptabilidade dos então chamados “tempos novos”, por isso as tão chamadas faces de Drummond que ele mesmo toma como título duma poesia e sustenta até hoje o título de poeta das sete faces. O resultado disso é refletido no final da poesia “poema de sete faces” – “mundo, mundo, vasto mundo, Mais vasto é meu coração” – que perpassa num universo romântico do Eu e seus sentimentos conflitantes. O poeta pertence inicialmente à segunda fase moderna, no entanto suas poesias vão sendo alteradas conforme o cronos (tempo) passa; o poeta como nós, está também atrelado às mudanças e fases do tempo histórico. Ele fundamenta na literatura o cotidiano que manifestava já dentro da semana de arte moderna de vinte e dois. Drummond afinal, é o nosso Baudelaire afirma Mário Chamie escritor e professor conhecido em vários países.

É fato que Drumonnd para cada momento novo, cada fase que passara, dela, transfigurava para o infinito mundo das letras e seus sentidos. Em sua longa carreira como funcionário público, Carlos, nascido no interior de MG em Itabira, descreve em sua poesia que declara ser confessional – “noventa por cento de ferro nas calçadas, oitenta por cento de ferro nas almas...” assim ele apresenta, na história reinventada por ele mesmo, o tempo que vivera em sua cidade – “tive ouro, tive gados, tive fazendas, hoje sou funcionário público e Itabira é apenas um retrato na parede.”
Sua órbita de palavras – significantes e significados – transformou a linguagem da literatura brasileira, dando-lhe novas dimensões, vestimentas, roupagens, construindo ora sentido semântico – referenciais, pressuposições, elementos coesivos e coerência em suas prosas e até poesias, ora sentido pragmático – inferência, entrelinhas. As suas contribuições para o mundo da literatura, da filosofia, da sociologia, da lingüística e do estudo do sentido foram demasiadas, pois logo no princípio das suas manifestações literárias, o cunho ideológico que seguira era o da proeminência social. Carregado pelo o socialismo que figurava uma nova ação no mundo de ordem social, mudança econômica que surtiria um avanço na igualdade dos povos, Drumonnd escreve “A Rosa do Povo”.

O poeta, na reflexão da existência, da vida, reconfigura e transforma o que antes era um sujeito simples e interiorano, Carlos, num eu lírico conflitante, contorcido “gauche” descrito no poema O Anjo Torto – “Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida”.
Sua arte ultrapassa as paredes duma poesia bela, harmônica, parnasiana, e entra no mundo da metalinguagem – a linguagem em si mesma, controverte o sentido da arte imposta até então, quebra ritmos, assonâncias, e propaga neologismos, variações lingüísticas urbanas, como todo modernista que fez muito bem o seu dever de casa. “O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar”, palavras ditas com sapiência de um herói que já sofreu e aprendeu o que é o amor, amar – amando. Em “Amor Natural” se descobre um Drummond erótico, falando de um amor nu, desnudo, o sexo como liberdade das sensações, liberdade da libido.

Carlos Drumonnd de Andrade é indubitavelmente uma prova de que os homens (ser humano) tem o potencial de analisar, criar, recriar, figurar, sintetizar a realidade, a história, a arte, e que todo patrimônio desenvolvido pela humanidade é o recurso primordial, é esse recurso que chamamos de cultura, é ele que nos dá a sustentação, base para um melhor entendimento de mundo e de desenvolvimento intelectual. Suas “pedras” que serviram de empecilhos, sua placa indicadora do “stop”, sua “rosa” possivelmente metáfora ideológica, seu “continho” que cabe no bolso, e seu “José” que imita a vida, são imagens de figuras que possibilitam uma problematização, uma inferência pragmática do sentido.

História medíocre


Monstruosidade? Quem ousa despertar a fera adormecida?
Ainda é cedo, mas as trevas já devoraram uma parte de tudo.
Quem agora pode virar a página do livro?...
A lauda está ausente de história,
Podemos figurar e materializar a saída, a fuga, o escape...
Ou a perca dos sentidos.
Ou até mesmo a morte!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O VAZIO DO JARRO BARROSO


O VAZIO DO JARRO BARROSO
É VAZIO PELA AUSÊNCIA
DAS COISAS QUE VEM
A PREENCHÊ-LO.
A MENDIDA
SENSATA DE
PREENCHIMENTO
SADIO E REPRESENTATIVO
DEVE IR ALÉM DAS ATITUDES,
SONHOS, INTUIÇÕES, BEL PRAZERES.
É PRECISO DE MUITA VIRTUDE PARA SE
COMPLETAR NO INFINITO DO PENSAMENTO.
O VAZIO DO JARRO IRÁ NOS PROPORCIONAR
UM ELO DEMASIADO ENTRE A MATÉRIA E A
ENERGIA – ESPÍRITO IMPULSIONADOR DOS
EPISÓDIOS HISTÓRICOS E CULTURAIS DE
NOSSO GRANDE MUNDO MODERNO.
É PRECISO TER UM ESPAÇO VAZIO
PRA CONSTRUIR ALGO NOVO.
É NO VAZIO DO [NADA]
QUE SE CONSTRÓI TUDO!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Dossiê: Traição


A MAIS VIRIL MULHER DESALMADA

Sejas tu a mais viril mulher desalmada,
Tu que entraste em minha casa,
Feriu descomedidamente meu instinto de amar...
Criou um demasiado abismo entre ser e estar.

És tu impiedosa Capitu de meus desejos...
Com cheiro de bálsamo banhastes meus anceios,
Da volúpia tiraste a libido e o prazer findável
De vertigem e sede viciaste meu sangue afável.

Sucombistes – D. Madame – minha razão.
Entoastes para toda parte tua miserável ação.
Não traistes só a mim que fui teu fiel amante,
Traístes a verdade e a poesia no mesmo enstante.

Realidade disvirtuosa, paradoxa e emanente,
Arraigou profundo determinismo inexoravelmente.
Sentido do passado de Abel e Cain,
Nos laços da traição – “quem tem pena de mim?"

CONFLUÊNCIAS DE DESEJO

No convexo da cama despertamos fazeres
De luxúrias, gozos... prazeres!
Incumbimos todo nosso desejo exacerbado
De fera, servo... escravo!
Na intimidade de nossos corpos,
Trocamos verbetes, códigos!
Na supremacia das vontades,
Exuberâncias, verdades!
No limiar do sentir entrelaçado de coxas
Arranhões, mordidas, marcas de ronchas.
Na desenvoltura estética do sexo
Nossos corpos fundidos de líneo ao convexo.
Unimos nossas almas pela traição
Culpados cônjuges da monótoma relação.
Do ódio conjugal extraímos virtude
Da inteira senssação alheia... a completude!

DOR E CORTE

A ferida aberta traga a dor do corte,
O inpulso medíucre se omite e sofri.
O coração suplica em melancólico sofrimento,
A dor brutal inrrompe – Tormento!
O real episódio caira como Édipo,
A amaldiçuada traição vinculada de ego.
O tempo homérico entoando a tragédia,
A mulher sofrível – És quimera!
A inesquecível imagem arbitrária vela,
A sensação [ainda] do corpo dela.
O sentido mutilado como filho tirado,
O caminho escrito – Jaz amputado!
O fulturo estimado sem mais pedaços,
O corpo presente padece os estragos.
A narvalha respingando sangue de verdade
A tatuagem na carne – Vaidade!
O horizonte dos dois esvairecendo,
A traça ao mesmo tempo corruendo.
A garganta sucumbida do palato venenozo,
O sepultamento encerra a libido – Gozo!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Eu, Freud e minha possível amante


Tudo começa em 1933, estamos no ápice da psicanálise, alguns teóricos chegam até afirmar que a cura da psicopatia humana advém da mente, portanto da psicologia. Diante de tal acontecimento, busquei em todas as fontes que pude encontrar em livros, revistas e comentários sobre esse tão falado “pai da psicanálise”, a cura de minha inquietação. Foi aí que me deparei em um universo de hipóteses e construções bem articuladas e cuidadosamente observadas pelos então renomados cientistas da época. Logo após refleti depois de leituras e mais leituras, e surpreendi-me com uma complexa questão: a possível cura da dupla personalidade. Debrucei-me no fundo da compreensão humana, que naquela época fizera uma lógica incrivelmente associada ao positivismo comtiano... Um método do qual associa uma interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento a uma ética humana radical, onde a sociedade intelectual no “tempo” dispunha para observar os distúrbios da psique humana.Era primavera, naquele ano estava tudo ocorrendo bem para mim, tudo se passava na mais perfeita harmonia, meu trabalho estava numa fase incrível... Até aumento obtive!Na sexta-feira prometi aos meus filhos...

– vou levá-los ao parque!

Divirto-me muito quando vou lá, me sinto como se voltasse à infância, no meu mundo onde tudo era ternura, felicidade, aventura, gozo; por isso permito sempre esse prazer demasiado aos meus meninos, também já tive esse tempo de contemplação.Vivia uma situação econômica favorável (vivia basicamente bem), achava eu que a chave para a felicidade era saber viver na monotonia dos tempos selvagens. Era uma pessoa tranqüila, onde nada, ou quase nada que me confrontava surtir-me-ia algum efeito. Sempre me mantive com a cabeça erguida para qualquer problema que pudesse acontecer, pois da minha vida naquele tempo, eu fizera um rio de otimismo que em suas águas transparentes carregavam todas as esperanças que no mundo existiam. E gostava de ser “claro”, bem claro no que digo. As minhas posturas sempre arrancaram elogios alheios, principalmente dos meus críticos – chefe, vizinhos e até inimigos “ferrenhos” – procurava sempre me manter na hora correta e no momento exato das coisas... Eu era muito pontual. Um dia me perguntaram [Eu ainda lembro]

– O senhor é religioso?...

E sem dá tempo de responder, logo interrogaram novamente.

– A que religião o senhor pertence?...

Fiquei meio assustado com o interrogatório, mas afirmei com abundante estilo

– Às vezes leio a bíblia!
Eu era de um estilo de homem “politicamente correto”, não gostava de falhas, mas se Falhassem comigo Concederia o perdão, afinal de contas, somos simplesmente humanos, às vezes vestidos de deuses e diabos, no entanto... Homens! Morávamos em uma casa muito grande, em Frankfurt, onde o bairro chamava-se Sachsenhausen nome advindo de algumas famílias imperiais que existiam na antiga Prússia (Alemanha e alguns países atuais). Tinha uma esposa e dois filhos que eu os amava muito e eles a mim. Minha mulher se chamava Sofia Göendester, e meus filhos eram Arthur Von Göendester e Johann Von Göendester. Tínhamos um laço amoroso demasiado forte, éramos tipicamente uma família burguesa, uma família aparentemente feliz sem tristezas e nem conflitos. Amava perdidamente a minha mulher... Ela era linda! – quando comecei a namorá-la, a mais de dez anos passados, achava que ela era a mulher mais bonita do mundo!... Exagero? Não!... Paixão! – porém o tempo é um grande deus faminto que devora nossas carnes e consome as nossas vidas. Vivemos até o ponto momento que as nossas carnes suportam, quando esperamos algo, mais tarde, aquele algo já passou, a chama da paixão ou do entusiasmo diminuiu, e posteriormente o que resta-nos é o respeito e a gratidão.Trabalhava no jornal Nova Aurora, escrevia artigos de opiniões, crônicas e poesias sobre o cotidiano caótico que estava a grande Alemanha. Os soldados nazistas nas ruas, o novo Reich, a crise econômica e o caos da nacionalidade. Sempre fui muito pontual – ah, isso eu já falei! – acordava todos os dias de 05:00 horas da manhã e tomava meu café e ainda lia meu jornal para poder ter uma noção do cotidiano político e social. Todos os dias eu ia trabalhar as 07:00 horas e voltava de 16:00 horas, e tudo não fugia da grande monotonia que circundava a minha vida. Porém não contava com a grande façanha do acaso, o acaso me colocara no caminho demasiado complexo... Um magistral complexo da natureza, como no belo romance de Gustave Flaubert “Madame Bovary”, estava eu amordaçado pela traição.

Saíra do meu trabalho as 16:00 horas, como normalmente acontecia, andava sempre nas mesmas ruas cotidianamente, de contínuo pelo mesmo caminho. Vinha eu da avenida bahnhofsviertel, quando cruzei para outra avenida... Trombei em uma linda mulher. Uma mulher muito linda e vistosa obtinha uma beleza descomedida [parecia com um quadro de pintura, especificamente o de Sandro Botticelli, “o nascimento de Vênus”, ou até mesmo a escultura da deusa Afrodite de Ático Praxíteles século IV a.C.] pensei voando no meu mundo imaginário e continuei a olhá-la e fitá-la como nunca fiz em vida com ninguém – NASCEU! – Afirmei em meus pensamentos! – NASCEU COM TODA FORMA ENCANTADA – Meus fluxos psicológicos agiam deliberadamente, sem nem se quer ouvir ninguém! – BROTANDO FLORES RARAS EM JARDINS SEM FIM – e continuei a imaginar – NOVENAS DE ORNAMENTOS DECORAM TEU ESPLENDOR. VIVIFICAS TODAS AS CRIATURAS QUE VIDA OBSCURA TEM-SE. ÉS LINDA COMO O CANTO DA LIRA MAIS PERFEITA. TUA BELEZA SURPREENDE O CANTO DAS HORAS. TEU LOGOS MANIFESTA A CURA INSÓLITA. ATUA VIDA SE ENTRELAÇA COM TODO INFINITO DO EXISTIR. – Ela olhou mais um pouco e pediu-me desculpas, no entanto falei rapidamente...

– Desculpas digo eu moça!... Eu que estava andando pelas ruas todo desorientado!

E assim ela não insistiu e disse

– Está bem, eu aceito as desculpas! Mas poderia, por favor, ajudar-me com os meus livros que caíram na colisão?

– Claro! Claro!

Logo após da entrega do livro, não poderia deixar essa moça tão encantadora ir assim, sem nem conhecê-la realmente. E meio tímido ainda por está eu embasbacado com tal e significante beleza feminina, trêmulo e nervoso ainda perguntei...

– Como se chama a linda senhorita?

Pensei em todas as possibilidades de haver uma rejeição da parte dela, mas não havendo rejeição nenhuma ela respondeu.

– Monich Metzger!... Mas então qual é o seu?

Respondi com louvor...

Friedrich Gottfried Göendester!
– Perdão por remeter a tanta intimidade, mas a senhorita mora aqui mesmo em Sachsenhausen?
– Sim! Aqui mesmo! A duas quadras daqui! Pensei rapidamente e ousadamente, convidei-la para jantar e para desculpar-me da colisão. Julguei a mim mesmo não ter uma aparente intenção, embora tivesse! – Gostaria de convidá-la para jantar, para poder desculpar-me da batida.
– Não! Não! Não precisa! Foi sem querer, ninguém é culpado!
– Mas... eu insisto, para desculpar-me! Se não vou julgar-me culpado diante dessa situação.
– Estar bem, já que o senhor insiste...

Naquele momento, esquecera que existira em meu seio, uma esposa e dois filhos que muito me amava e eu o mesmo. Estava vidrado em sua imagem... Nada naquele momento fizera lógica, a não ser o fato daquela mulher que tinha acabado de conhecer, estar ao meu lado. Saímos para um restaurante perto dali, onde tinha maravilhosos pratos regionais. Chegamos ao restaurante maravilhoso, chama-se Frankfurter Grüne Sauce (molho verde frankfurteano). Pedimos um bom vinho de maçã “apfelwein” e um prato muito popular na Alemanha, A salsicha “Frankfurter Würstchen” e o molho verde "Grüne Sauce". No decorrer do jantar foi acontecendo naturalmente às perguntas e as trocas de intimidades. Lembro-me ainda da comunicação que voava livremente, parecia que já a conhecia há muito tempo, uma intuição martelava no meu peito como se tudo isso já fosse vivido. [...] Não conseguia pensar em mais nada. Sua boca macia como uvas a serem degustadas, seus olhos me pareciam caminhos de águas claras sem fim. Estava definitivamente atraído! Acabou o jantar, e para palavra de fim de história foi essa...
– Adorei muito ter te conhecido, gostaria muitíssimo sair mais vezes!... Ah, você já foi desculpado pela colisão, beijo e até mais vê-lo!

E foi assim que ela se despediu. Em mim, deu uma enorme esperança de encontrá-la novamente e debruçar em seus encantos. Ah, já tinha esquecido, ela deu-me seu endereço, podia quantas vezes aspirasse enviar cartas para ela. Fui para casa, essa noite eu cheguei mais tarde, falei para minha esposa...

– tive que trabalhar até mais tarde hoje... Estou muito cansado! Vou dormir!

E sem desconfiar de nada a minha esposa falou:

– Está certo meu querido!... Durma na santa paz.

Depois de duas semanas inquietantes resolvi mandar uma carta, contendo uma seguinte proposta:
– Desejaria muito ter-la ao meu lado, no entanto sou casado e tenho dos filhinhos lindos. Não posso abandonar meus filhos, logo agora que tanto precisam de mim. Contudo se desejar querer ser minha possível amante dar-lhe-ei tudo que estiver ao meu alcance.
Passado alguns meses depois daquele nosso encontro no restaurante, Monich não respondeu a minha carta. Pensei logo, foi tudo um fiasco! E ainda sentira atração suficiente para não esquecê-la. Porém para minha surpresa depois de alguns dias da minha desilusão amorosa que nem tinha se concretizado, chegou uma carta de Monich dizendo que aceitaria tudo para ficar comigo. Embora desconfiasse o porquê de tanto tempo sem se comunicar comigo, não tinha eu olhos ainda para perceber o que estava acontecendo de fato.
Nós marcamos de nos vermos outra vez na sexta-feira as 20:00 horas no mesmo restaurante. Agora tinha outra intenção no meio de tudo isso, a atração que nos envolvia era extremamente grande e não havia como pará-la e nem queríamos. Monich estava linda de vestido vermelho de metila e seu cabelo entrelaçado caído em seu ombro esquerdo. Era a perfeita estética da beleza, cujo signo, símbolo, significado ou significante chamava-se linda. Não demoramos muito no restaurante, estávamos irrequietos pois ansiávamos na plena troca de desejos e prazeres... Sexo! Fomos para um hotel luxuoso, e lá entrelaçamos nossas pernas, juntamos nossos corpos até se fundir em uma só vida. Foi um belo clássico norteado de vinho e volúpia, onde a traição só existia como uma regra da moral religiosa que não mais afetava aquele corpo chamado EU. Todavia não esperava que dessa volúpia se extraísse a vertigem que iria de corroer-me por toda minha vida.
Depois de dois meses de aventura e prazer, Monich se mostrou diferente do habitual. Ela dissera para mim que me odiava e tudo que tinha feito era para iludir-me e enganar-me, disse também que era seu fetiche controlar os homens, deixar-los loucos por ela e no fim abandoná-los. Fiquei perplexo, como ela teria tal ousadia de me dizer e fazer tal absurdo? Não, não! Ela não poderia fazer isso comigo! Implorei para que fosse tudo um engano, para que fosse tudo um sonho que logo-logo iria acabar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Deixa embaraçosa


Deixe-me chorar o sofrimento do mundo.
Deixe-me beber uma bebida amarga da qual possa acrescentar a minha dor.
Deixe-me só, e que a solidão seja o meu senhor.
Deixe-me mundo dessa deixa embaraçosa.
Deixe-me por inteiro, por conseguinte... Por imediato!
Mas não me deixe em paz,
Só me deixe chorar um pouco mais.

Drummond


No mundo encontro pedras,
Pedras tão boas quanto às de Drummond.
Avisto cercas e uma placa... Stop!
Afinal de contas quem foi mesmo que parou?
Aproprio-me de uma rosa
De tal beleza descomedida,
Que empacou nos cárceres sujos e corruptos.
Noto o quanto é vasto esse mundo
Mas não ouso dizer:
Mais vasto é o meu coração!
E conto, quanto o conto cabe no meu bolso,
Cada conto mirabolante desse
Grande mas não berrante coração.
E José?
O agora já se perdeu e nem mais um trago
Pode trazer a sua marcha.
O mundo é mesmo vasto,
Por isso calo-me todas às vezes
Quando percebo que o amor é grande
E cabe no breve espaço
De beijar.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Prefiro os deuses!


Uma vez me disseram que as guerras eram acometidas por honra, território e pelas intrigas dos deuses. E que elas faziam parte do nosso sistema civilizatório... Guerra para a evolução humana!
Essa evolução seria necessária depois de várias batalhas e choques ideológicos, porém inevitavelmente ocorriam mortes, destruição – abismos!
Mas as guerras defendiam certo interesse, que não oscilou muito com o decorrer dos tempos. Esses interesses podiam ser familiares, regionais, nacionais, internacionais ou simplesmente econômicos.
Das guerras dos deuses até hoje sinto falta. Que pena!... Os tempos mudaram. Hoje as guerras têm um novo padrão, Tem um novo sistema... Destruir tudo em nome das grandes empresas corporativas e bancos.
Ah, tempo bom era os dos deuses!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Alvedrio


Não quero um discurso cavo
Que tolhe as vontades
A favor da sem-ventura.

Não quero recolher-me
Quando a ausência das coisas
Está em minha Espera
E Tudo fica tão distante.

Não quero uma dor vigente
Que salta e perpetra
Nos corações desalmados.

Quero o alivio!...
A felicidade de verdade!

Quero o que os homens
Aprendam um dia a amar...
A liberdade!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Bem ali


Já era tarde e o reflexo de tudo que acontecera estava bem ali... Diante de seus olhos. Permanecia a se debater sempre que colidia suas concepções – a sua eterna luta pela as perfeições e seu inalterável desengano melancólico de se estar só.

Da janela sentira um virtuoso vento que soprara vagarosamente sobre os vãos construídos com o seu suor. A realidade corrompia sua fantasia, só lhe mostrara o quanto seus devaneios eram importantes – negar de forma repentina o que de fato o tinha, para poder perpetuar tudo que um dia se chamou sonho.

Mas foi no segredo da noite que travou a perfeita batalha, uma longa guerra que começara como quimera, no entanto, ao invés de estrondos, gritos, choros... Só se escutara silêncio.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Deus me dê fígado


Deus me dê fígado, pois ainda tenho o planeta inteiro pela frente. Um fígado mais suportável, um fígado mais pujante, um fígado que não cometa qualquer atrocidade... Um fígado do Olímpio, mas não o de Prometeu, pois já está muito comprometido pelo castigo dos deuses. E se falando em deuses... Gritei, ah, eu gritei o quanto pude e o quanto tinha de voz para pedir clamor por um fígado melhor.
Um fígado que encare de cara limpa os absurdos dos hospitais, que enfrente as inconseqüências dos vícios humanos, e que nos dê cabimento de extrapolar o quanto quiser. Um fígado perfeito [perfeito quando me refiro a um sem seqüelas hereditárias], um bom fígado, parecido com o sabor da nossa mesa.
Um fígado dessente que não peça pinico depois de várias noites de farras... Depois de uma ostra, ou até aratu. Um fígado super-homem, mas não o da liga da justiça. Eu só queria um fígado plausível que não sucumbisse por qualquer coisa... Por qualquer besteira.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A poesia como necessidade humana


A poesia se constrói no ato da necessidade humana. A necessidade de expressar o que vive intrínseco, ou seja, o que vive profundamente em nós,
Em nosso ser.
O ato de escrever poesia oferece ao autor e leitor uma troca de experiências vividas, uma intercomunicação sentimental. O autor expressa em suas poesias um jogo de experiências, de visões, de conceitos e principalmente de “loucuras” (devaneios). O poeta se diverte escrevendo... Ele brinca, chora, angustia-se, se deprime... No entanto o verdadeiro poeta vive várias vidas sem porém perder a identidade: SER "OUTRO" SEM DEIXAR DE SER "EU".

Para o poeta escrever exige o ato de ler, padecer e criar. Parece meio simbolista mas não é só o simbolismo que usa esse meio, e sim quase todas as escolas literárias que usam a dor/sofrimento como um caminho da inspiração. Nós não só padecemos quando escrevemos como também, padecemos quando lemos e vivemos outras histórias de outras vidas passadas, pois a leitura nos dar esse privilégio grandioso do eu lírico.

O grande ovo de Colombo em escrever, É que não só colocamos os nossos desejos, nossos sonhos, nossas visões... Mas despejamos todas as nossas “verdades”, todos os nossos anseios, tudo o que há de bom e de ruim para fora... Escrevemos para exorcizarmos!

Derramamos todos os conceitos/princípios morais éticos e não ético e não morais. Derramamos todos os ódios dos nossos corpos, excretamos todas as censuras classicistas. Enfim, ponhamos para fora todos os códigos lingüísticos
Que vestidos de segredos e mistérios fecundam na imensa caixa de pandora: nossas vidas!

Filosofia Palhaciana

PALHAÇO,
Tu és o desvario do mundo,
A loucura sensata,
A risada reinventada,
O rosto melado...
E mais nada.

Cigarro/amor


A fumaça do cigarro entra pela boca e entorpece os pulmões. Bendita fumaça!... Pois o amor entra não sei como e entorpece nossos corações.

Só as estrelas ouviram


Entoei para os céus a mais triste canção.
Pus meu coração no ventre sem razão.

Só as estrelas ouviram!...

Elas sim puderam presenciar a minha dor,
E escutar o meu clamor.

O céu escuro estava a me tomar,
As estrelas no infinito hão de se tornar
Brilhos sem fim até o amanhã voltar.

Só as estrelas ouviram!...

Elas sim puderam ver a minh’alma
Rasgada, humilhada, sem alma.

[...]

Estrelas que vagam pela noite sem juízo,
Derramando seus feixes de luzes centeios,
Envolve-nos em tua luz...
Carrega-me se chamais Jesus?

Só as estrelas ouviram!...

E derramei minha ultima lágrima em tua visão.
Estrelas das noites eternas,
Lançai-me em teu espaço e tira tão triste solidão.
Sucumbi meu corpo,
Protege meu coração.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Entre o bem e o mal


Vi a verdade e atrás dela corri,
De tanto correr...
Cerquei-me em um beco qualquer
Sem saída!
Seguei-me de tanto se frustrar,
De essa longa batalha ter que travar,
Das andanças, lambanças, lembranças
Que temo a imaginar.
Busquei o meu ultimo suspiro
Nas noites sem silêncio.
Envolvida de sangue a verdade
Caíra feito uma bomba,
Estraçalhando meu corpo...
Jorrando mentiras.

O presságio


A verdade – não se sustentou e, caiu!...
Eu bem que avisei – uma coisa tão velha não iria de demorar muito para escafeder-se!

Da varanda

Da varanda avisto a calmaria do mar...
O céu se confundido com as águas,
Os pássaros juntos formando
Nuances no horizonte.

Da varanda avisto os teus verdes... Ó,
OLINDA com tuas igrejas e teus cortiços.
Ah, tua imponência olhada do alto,
Do auto de tuas ladeiras.

Da varanda avisto a complexa rede
Acinzentada, predial.
Um ato fantástico das forças humanas...
Um belo quadro de concreto
Pairando no ar chamado RECIFE.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Folhas despedaçadas


Em um olhar esmiuçador...
Avisto os longos fios de folhas
Ressecados pelo tempo,
Fatigadas pela idade.

No entanto, Floresce ainda
Os verdes macios
E o pouco brilhantismo,
Já meio ofuscado das apoucadas folhas.
Parece-me está num lugar campestre,
Arroteado de gramíneas verdejantes
Tendo uma nitidez exorbitante.
Mas...
A sua casa não passa de terríveis pedras!

As folhas são como nós...
Quando jovem apresenta uma tamanha grandeza,
Que se despedaça toda, no seu curto tempo de vida,
Deixando para trás... Só resto.

Às vezes penso...
Que somos folhas
Despedaçadas pelo longo tempo,
Que ao desfrutar da vida... Espairece-se.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O suicídio na casa Berstem


A morte - o suicídio do jovem Berstem

Tremulo, chorando... Esta era a imagem do jovem Berstem que estava muito inseguro de todo seu caminho e de tudo que lhe acontecera. Mas sua coragem era tamanha, pronto a qualquer momento para disparar um tiro em sua própria cabeça, essa era sua meta para transformar dor em alívio. O jovem tinha apenas 20 anos, não conhecia muito dos mistérios do mundo, sua mente perturbara seus movimentos, seus movimentos tratados com uma ordem... Excruciante!

A visão é extremamente desilusiva, um quarto meio opaco com poucas coisas dentro, alguns livros em cima de uma bancada pequena, papéis soltos em todo quarto, a luz meio acesa, algumas teias e insetos no teto. Sentado na cama, o jovem da família Berstem pensa em se matar sem muito se ponderar. Suas lágrimas rolam pelo seu rosto sem parar, sua dor parece não ter cura e fala pra si mesmo que esse marasmo – que é a sua vida – está perto de acabar. Num silêncio inocente suas escolhas de um mundo para o outro sem conceito e sem comparações, toma o jovem Berstem para um paradoxo sem medidas. O garoto tinha bom empenho em suas virtudes, só estava muito confuso sobre algumas responsabilidades e infeliz com seus sentimentos.

O revolver que pegara de seu pai – caçador – estava por entre suas mãos, os seus dedos entrelaçavam o gatilho, as munições estavam espalhadas sobre a cama e continha apenas uma única munição em seu revolver. A arma era um Taurus do calibre 38 (cinco tiros) das quais só uma munição surtiria um efeito malevolente terrível.
Ele não conseguia ver outro destino, sua mente foi tão atormentada e massacrada pelos discursos nocivos de sua família, que o jovem preferiria acabar duma só vez todo esse trauma que lhe causara demasiada dor.

Chorando ainda ele exclama completando seu final... “Desejaria nunca ter existido nesse mundo de dor” – essa exclamação, com toda certeza foi a mais sofrível de um homem, pois desejar não ter vivido é um custo muito grande... Oh jovem Berstem, quão grande é a sua dor!...

E o jovem cumpriu o que lhe era mais adequado, disparou um tiro em sua direção e caiu. Da casa toda ouviram um estouro abafado de pólvora que ultrapassou os vãos da casa; correram para saber o que tinha acontecido, sentiram um cheiro muito grande de pólvora perto do quarto do filho, bateram na porta mas ninguém respondeu, agitados com algum acontecimento, empurraram a porta com bastante força e lá estava um corpo estendido entre a cama e o chão, desenganados pela suas visões, não queriam de forma alguma acreditar que ali na sua casa estava o jovem Berstem morto no seu quarto e o provável revolver do fato acontecido em cima da cama.

Nesse instante sua mãe que vira o seu precioso filho morto em sua cama, arregalou os olhos e numa expressão de horror ficou muda, sua dor era tanta que não conseguia em alguns segundos falar qualquer coisa, seu rosto ficou paralisado, estático, não tinha reação nenhuma... Só a reação do princípio lhe restou. Seu pai que vinha correndo ao lado de sua mãe caiu de joelhos quando o viu, e exclamou – Não meu deus! Não! Meu filho! Não! – a atitude do pai até me impressionou, o homem tão duro, tão robusto, caiu diante da tragédia que sucumbira a sua casa.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Meu mundo se perdeu


Meu mundo se perdeu
Fugiu de mim
Deixou-me sozinho
Sem rumo
Sem estrada.

A solidão me escolta
Vive em mim
Sinto o seu cheiro
Seu ardor
Sua existência.

Tudo em mim dói
Minha cabeça
Meus tendões
Minha alma.

Meu corpo se decepou
Meu espírito irradiou
Minha canção acabou
Minha penitência começou.

Voz muda

Quero falar de amores, essa é a imensa vontade
De um peito febril... Mas não existe.
Pois o meu amor deteriorou
E nada mais resta.

Queria chorar pelos cantos, e que o choro
Fosse minha confissão... Mas não consigo.
Pois a sutileza em mim
Já se fora.

Quero uma bebida que alivie minha tensão,
Que me ensine a viver... Mas não existe.
Pois do arado da existência
Cuidamos nós mesmos.

Queria eu não mais um fardo escravocrata,
E ser livre... Mas não consigo.
Pois tudo que me cerca,
Torna-me servo.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Robson Sampaio

Eu sou Capibaribe!... Inflamou o poeta.
Eu sou Capibaribe, com toda sua água,
Com todo esplendor...
Com toda sua vida!

O poeta que trousse de volta a vida,
Com seu espírito, um rio belo e presente
Em nossas virtudes.

O poeta que saiu de lagoas...
Alagoas!
Que entrou com ímpeto em recifes...
Recife!
Que perambulou em seus becos,
Esquinas, avenidas.

Um poeta que reinventa!

O jornalista em seu princípio
Já mendigava por palavras líricas
Em seu discurso social...
Integridade moral.

Dos bares, das festas, dos desejos,
Tiram seus versos híbridos.
Nos whiskys, nos cigarros...
A fuga da inquietude humana.

Um poeta boêmio,
Que usa toda volúpia sem ter dó
E nem piedade do que faz.
Um poeta que já foi sujo,
Melado de tantas outras mazelas.

Um jornalista irremediavelmente poeta.
Um poeta sem medidas,
Sem clássicos, sem puritanismo...
Um poeta das ruas.

Menina

A menina brinca e se esbanja,
Sua dança nos completa,
Trazem nossas lembranças
Do tempo em que fomos crianças.

Nos seus olhos está toda pureza,

Em seus gestos a inocência,
E seu movimento arranca
Toda criatividade e esperança.

A menina numa forma singela
Não conhece a maldade,
A ganância, o ódio, A pobreza,
Vive num maravilhoso mundo
Sem tristeza.

Linda menina da alma branda,
Por onde flui a doce felicidade,
Tão doce feito pirulito
A adocicar o nosso espírito.

terça-feira, 16 de junho de 2009

A Esperança e Não

O Não se impõe e chega rapidamente na Esperança da memória, e diz...
– Cheguei para avisar que não se deve mais existir nenhum resquício de Esperança, e eu, “Não” fui destinado a cumprir essa tarefa. –
A Esperança cabisbaixa, abatida, começa a andar e vai seguindo até sair do pensamento. Jamais essa memória foi à mesma. A única Esperança que tinha, partiu, e não deixou marcas e nem legado algum.

O Não volta para a memória e sintetiza...

– Nada mais vai incomodá-lo meu amo, pois a única coisa que ainda o perturbava era aquela maldita Esperança, e agora ela não está mais aqui. Tudo que está no reino da memória é a amplitude da negatividade do Não. –

Testamento da insipidez


Estou cansado dessa vida,
Mas um peso em minha face.
Estou cansado de tudo,
Tudo que conquistei, que sofri...
Que eu não medi.

Estou cansado
De ser tão apunhalado,
De sempre...
Chorar pelos cantos
E mal dizer-me
Em todas as noites escuras.
Perguntando-me continuamente
– Aonde cheguei?
Quanto ganhei? –
Que ilusão!


Mas sei decerto...
Não tenho valor monetário nenhum.

Estou cansado das minhas atitudes,
De essa inóspita vida brincar comigo...
De o tempo me passar à perna,
Dos absurdos que o espaço faz de mim.

[...] Tenho dores...
E quando tenho dores,
Lamento, e lamentando...
As lágrimas caem,
E rolam sem querer.
– Não é só desespero.
São dores profundas
Que nem todos encantos de todos inventos...
Vão torná-las diferentes. –

Estou cansado...
E acabo o meu discurso dizendo
– Estou cansado!...
Cansado dessa vida,
Cansado de tudo mais...
Cansado dos meus delírios!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Letra no chão (coletânia o melhor da web na bienal do livro)

Num chão bruto e carregado
Nasceu uma letra.
Uma letra suja, sem estrutura.
Passavam automóveis, bicicletas,
Mas ninguém viu que ali
Brotara uma letra.

– Como uma letra brotou no chão?...
Chão este robusto, asfaltado! –

Como pode uma letra viajar
Mundos tão diferentes e parar aqui,
Num solo grotesco,
Onde não há nenhum nutriente
Para fortificá-la?...
– Como ela sobreviveu? –

Contudo, eu vi, está lá!
Uma letra brotada feito rosa,
No chão.

A letra ainda é muito jovem,
Nasceu há pouco tempo,
No entanto já conhece as marcas
De nosso mundo pós-moderno.

Ela parece ser fraca, frágil, debilitada,
Sua roupagem acinzentada,
Sua expressão... Delicada.
Parece-me esconder alguma coisa,
Algum mistério...
Sua força, talvez,
Pois ela nasceu em um lugar
Extremamente inóspito.

Seu recado perante o mundo
Aparenta ser o da persistência.
Suas entrelinhas não dizem com perfeição
Se é coeso o seu discurso.
O contexto em que nascera
Foi totalmente esdrúxulo...
Nasceu por entre pedras!

Sua forma feia, desajustada, incompleta,
Nos faz perceber que existe
Algo além do belo,
E que há muita beleza na feiúra.

A letra não tem nenhum nome,
Raça ou religião.
Nunca jamais, houve algo parecido,
Ou qualquer indício dela na terra.

Sua delicadeza é de tamanha medida.
Seus encantos inquietam quaisquer olhares.
Sua beleza – mesmo sendo feia –
É admirável.
Sua coragem é portanto inabalável.

A letra atravessou o papel,
Driblou as esquinas,
Correu de todos os sonhos
E se fez realidade.

Jamais deixem que essa proeza morra,
Pois ela carrega consigo
A esperança de dias melhores.

Em suas raízes está o legado
Da multicuturalidade dos povos.
Em seu tronco está o revestimento
Do conhecimento universal.
E em sua folhagem
Estão todos os códigos
– Signos –
Que ultrapassam
Todo infinito da vida.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Aurora


Amanheceu, e caiu sobre a terra
O manto que escondia o sol.
Fez da triste noite uma reflexão
Para o dia da chegada que alumia.

– Sendo assim, que se refaça um novo dia. –

Por hora, não tenha pressa de acabar,
Oh dia, sempre virtuoso com tua luz.
Porém, não te maltrates com as tuas mortes,
Porque tens que semear somente os bons nascidos.

A noite passou e deixou marcas, eu sei,
Mas essas marcas serviram para um amanhã
Seguro e tranqüilo... Uma manhã
– Perene, sadia, duradoura! –

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Os sofrimentos dum pobre homem


... Entrou no ônibus, passou pela catraca e sentou-se na cadeira. Ainda ria conversando com algumas pessoas, e pedindo sempre obrigado ao cobrador, mas o seu olhar era mistério reservado de surpresa.

Repentinamente uma alta voz
– Minha gente, eu queria falar... –
Ele não completou!
– Eu queria falar... Eu não sou ladrão! –
Até hoje não esqueço aquele olhar.
– Eu não sou ladrão! Não roubo! –

Ele não tinha se quer jeito para falar, não tinha como começar a história, seus olhos não paravam de olhar de um canto a outro do ônibus, suas mãos tremidas e nervosas não paravam de ajeitar os cabelos.

– Minha gente, eu só quero falar que... –
Parecia um martírio seu discurso.
– Eu queria pedir ajuda, pois minha mulher... Eu sou de Xexéu, em Alagoas, sou cortador de cana-de-açúcar, e minha mulher está internada no hospital. Ela teve que amputar uma das pernas, e talvez tenha que amputar a outra... –

Nesse exato momento a tristeza envolveu todo espaço dentro do ônibus, tudo era tristeza, todos que viram aquele pobre homem, já de idade avançada, chorando desesperado pela dor de sua mulher e pelo seu triste caminho. As lágrimas entorpecidas de dor, lamento, sofrimento, rolaram pelo seu rosto, e sua expressão era de tremenda vergonha pelo seu ato.

– Minha gente, estou a dias aqui nesse lugar, não sei ainda quando ou como vou poder ir para minha casa, não tenho dinheiro algum, e estou sem dormir e sem comer a dias também... –

Num gesto esdrúxulo, levantou a camisa e exclamou – Isso aqui é fome! –
Pois o que restara no seu corpo era só a pele e os ossos, levando uma estrutura raquítica de tanta fome que passava naquele momento. Depois disso a dor e a vergonha lhe caíra novamente, perante a um público que não conhecia, e que nunca vira em toda sua vida.

As lágrimas daquele homem desalmado e esquecido por deus e por todos, me fizeram ficar estático, paralisado, e a perguntar-me se todo meu sofrimento algum dia chegara a esse ponto... Acho que não. E assim ele exclamou, chorando ainda, pela última vez...

– Minha gente, eu só queria ir para minha casa! –

A expressão era muito forte, eram muitas dores e muito sofrimento. Ele continuou a chorar por vários minutos ainda, nós, passageiros, juntamos uns trocados e os demos; chorando muito, pedia obrigado e quase sem voz desceu do ônibus. Chorando, o pobre homem permaneceu, e quando o ônibus saíra da parada, nos últimos segundos, ainda se avistava às lágrimas rolarem seu rosto. Fiquei com tanta raiva de tudo isso, e com raiva de mim mesmo que preferiria mil vezes a morte a ter visto e ouvido aquilo. Pensei bastante sobre tudo que assisti, depois saí do ônibus e fui de encontro ao meu trabalho. Quando cheguei lá, corri pra o banheiro, e chorei por ele.


Minha vitória


Hoje é o dia da minha vitória,
As nuvens deram-me
O gosto suave da chuva,
Os céus olharam para mim,
E se fez exato...
A minha vitória se cumpriu.

Hoje é o dia da minha vitória,
Todos os deuses concordaram
Com todos os meus atos
De bravura, lealdade,
E tive sempre a honra
De nunca desistir dos sonhos.

Hoje é o dia da minha vitória,
E me reconheci feito um herói,
Herói de um sistema bruto,
Desajustado em máximas de ilusões.

– Sou herói!... –
Exclamo!
– Venci a todos e a mim mesmo. –
Pelo meu jugo... Estou lutando!
Pelo meu próprio prazer... Estou liberto!

É samba

[Fotos: Eduardo Toledo]
O samba é requinte,
Tam-tam, é cavaco,
Pandeiro,
É batida apurada.

É Zumbi dos Palmares,
O negro,
É a terra de todos,
É a cor do Brasil.

São ressalvas
De um povo heróico
Que cuida dos seus
Com todo valor.

O samba é que sai da favela
Encanta e distorce
A visão social.

O samba é a história do negro,
É voz da senzala,
É o complexo do morro.

O samba é o tom da viola
É a gente que chora,
É a pisada que rola.

O samba é o destaque
Do negro,
É cultura afiada,
É a vida e mais nada.

– Presente –


Não venhas assim tão nua
Despindo-me por inteiro
E até açoitar-me.

Para com a tua vontade
De querer tudo
E depois no fim,
Afogar-me.

Chega da tua bebida
Que junto ao teu corpo,
Só querem fuzilar-me,
Matar-me.

Acabas com teu mistério,
E lança sobre mim
O teu desejo,
De assassinar-me.

Apagas por inteiro
A sofrível história
Que o futuro próximo
Tende a revelar-me.

sábado, 6 de junho de 2009

O tino da batida


No timbre da batida
Sinto-me voar
Escuto um som
Um som esdrúxulo
Mas rítmico.

Perturba meu sono
Meus sonhos
E vibra como coisa viva.

Desatina, porém segue...
O tom me leva
Para meus versos.

Penso sempre...
Para som!... Para!
Ele não quer parar
Ele não atende.
Agi de forma arbitrária
De forma imposta.

Continua seguindo
Do jeito que chegou aqui...
Não sei como!

[...] Em instantes...
Penetro dentro
De sua musicalidade
E chego ao sublime do tom.

Mas... É apenas um som
Um som tosco
Desajustado
Incompleto
Que eterniza
Minhas palavras.

É apenas um som
Um tom
Uma única batida várias vezes
A qual estou a contemplar.

... Vai som
Não desperta o meu olhar.
Vais...
Pra qu’eu possa descansar.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Tudo vermelho


Meus olhos estão vermelhos e o inferno passou neles
Deixou suas marcas, suas desgraças, seu fogo.
O inferno dantesco é muito pouco para compará-lo.
Eles vivem trêmulos, tímidos, lentos,
Entram e saem de suas funções.
Não sei o que foi ao certo,
Mas me arrepio toda às vezes
Que chego perto.

Meus olhos estão cansados, calejados,
E o tempo e as coisas me deixaram sem noção.
Só vejo uma imagem, uma cor,
Sem presente, sem passado...
Sem minhas partes.
E sinto qualquer coisa presa na garganta,
Em todo meu corpo,
Em minha face.

Meus olhos estão machucados, debilitados,
E a única visão me derrotou, me aprisionou,
Numa caixa vazia mas coberta de mistérios
Que Pandora ousou furtar.
Minha boca ainda anseia
Que meus olhos
O sublime irá de contemplar,
E torce sempre quando pode
Para o inferno maior não demorar.

Meus olhos estão vermelhos e suas ilusões
São tremendas voltagens,
Confundo-me sucessivamente com o agora,
Pois vivo continuamente no passado
E o agora nem sempre existe em mim.
E tudo mais pretendo guardar,
Fico quieto, semicalado,
Para que eles, depois de muitas batalhas...
Possam melhorar.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Carta para meu filho


Olá meu filho, está tudo indo devagarzinho, sempre caminhando como meus passos mandam.
No meu rosto já vejo a velhice corroer a juventude que passara como um sonho, um lindo sonho que durou anos. Nos cabelos, sinto todos os tons grisalhos e o tempo como uma rocha esmagando-me por inteiro. No paladar, já não tenho tanto gosto e o que eu tenho não é mais como antes.

Tudo me parece ser o mesmo, meu filho. O mesmo sabor para tudo, chega até ser neutro, e a vida sem sabor não tem gosto. É assim mesmo, vai chegando o dia da sua caminhada para o eterno, e tudo vai se desarticulando, o entusiasmo apagando, e no fundo só à vontade de se completar no infinito. Ah meu filho, os meus olhos estão extremamente carregados, completos de experiências das quais tu vais passar como um herói.

Não te aprece de forma nenhuma com a vida, meu filho. Viva intensamente suas horas, nunca corra contra o tempo, e despeje todo seu ódio numa caixa, pois nunca se sabe quando precisaremos dele. Assim estarás lutando para conseguir um lugar no infinito, mas busque sempre sua autonomia, sei que somos dependente um dos outros, porém sei que existe também algo de particular em nossas vontades, algo egoísta... É o que nos torna diferentes.

Nunca faça o que eu fiz por muito tempo, meu filho, nunca passe um tempo muito grande triste, a tristeza tem seus bons momentos, contudo não é de grande prazer ficar triste e depressivo pelos cantos, se maldizendo.

Viva sempre feliz. Busque sempre o ideal. Tente ser alegre, compreensível, e verás que no fim de tudo terás um bom resumo, meu filho.

Esses são todos os meus votos e lamentos para ti,
Meu filho!

terça-feira, 26 de maio de 2009

O assalto


, um apito gritante e atenção de todos...
– Prírírírírírírí! Todos vocês corram daí,
O bandido me roubou e não deixou nem a minha cueca! –

A velhinha na esquina da avenida pensou alto...
– Droga!...
Porque ele não me seqüestrou
E roubou minha calcinha!?

Hoje tive vontade de chorar


Chego no cantinho...
E tento ouvir somente o que me remete ao choro.
Não aquele choro pela guerra,
Não aquele choro desumano das vontades egoístas,
Não aquele choro pela humanidade desumana,
E nem tampouco aquele choro das mentes corrompidas
E diluídas seqüencialmente.

Mas sim um choro do entusiasmo,
Um choro do pranto abatido,
Um choro da triste solidão.
Pelo choro de uma desilusão que perdemos
Logo que chegamos no ápice...
No cume do amor clássico-pós-moderno do cronos do presente.

Escuto o som das proezas humanas... [heróis!.
Bravos cantadores das violas entorpecentes de ritmos,
De liras encantadas,
De... Paixões fugazes!

Sim, a luz!... A luz?
Sempre muito baixa!
O quase escuro nos propicia as lembranças
Dos tempos da insignificância humana...
[Experiências lúdicas!

Na magnitude do imaginário...
Debruço-me nos papéis do sofrimento humano impar.
Nos devaneios encontro lagrimas e risos...
[Lagrimas da vertigem do triste encanto.

Clamo para os deuses o choro do alívio desencanto.
O choro das despedidas.
O choro dos amores fraternos.
O choro da ilusão sem sentido.
O choro...
Do sofrimento mundano e das rosas ao vento.
[...] O choro das lágrimas vestidas de solidão.

[Do triste choro...
[De tanto lembrar...

- Eu choro!
-

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Os anos que sonhei


Em um período demasiado sonhei com um universo inteiro, um universo sem medidas, onde passei décadas, centenas, milhares... E até milhões de anos sonhando. Sonhava sempre, não importa onde, quando, como – sonhava sempre.

Nesse mundo – e como era bonito, o tempo se cravava em mim e minha matéria se dissolveu. Diluído como bolhas, não pertencia mais a forma humana e só o que restara foi minha perfeita essência. O cronos fez de mim um devorador, um ser faminto cuja função era tornar tudo ao seu redor parte sua, parte de todo infinito que minha nova veste proporcionava agora.

Nesses anos, construí minha morada sobre as estrelas, onde havia luz suficiente para aclarar minha visão e não deixar que nenhum momento me escapasse. Das estrelas pude ver quão formoso é todo universo, toda imensidão que jamais poderia debruçar em vida material. Com as estrelas, aprendi a ouvir todos os cantos e toda poesia que era tratada como a coisa mais bela de todo o invento.

Dialogava sempre com os cometas e os planetas por milhões de anos, e seus principais conselhos eram o de sempre preservar a riqueza de sentir – sentir é a essência, sentir produz vida, quem sempre sabe sentir adequadamente nunca senti solidão! – o tempo que passara nos meus sonhos arbitrava todas as horas, pois o tempo fazia também parte de mim.

O ponteiro e sua batida pulsavam em meus braços, os números se tornaram códigos de minha imagem, as estrelas eram meu paladar e minha língua, a filosofia fixou em minha psique, causando a análise de sínteses do sentir. Tudo foi reduzido a mim – nesse momento o “homem”, eu, era a medida de todas as coisas –...

Nas minhas digitais corriam os semens de toda herança genética universal. As minhas mãos brotavam todo o mapa do sentido da vida... Vida que era apenas um reflexo das minhas atitudes.

Meu rosto se tornou o conforto macio dos solos férteis, e minha respiração eram os fluxos e refluxos dos grandes cheiros suaves e puros.

Minha barba se tornou em florestas e montanhas que viviam perenemente – nunca envelheciam – os quatros elementos também faziam parte de minha infinita existência.

O mar e os oceanos advieram da minha boca, e descansavam suavemente com suas águas límpidas.

As horas se estendiam e retraiam a cada movimento meu, o passado, o presente e o futuro... Eram frutos de meus devaneios, loucuras, anseios.

E tudo que existia era minha existência, a minha existência era a nossa existência. Não existia mais o medo, a dor, o receio de viver e morrer, tudo era eterno, infindável.

Mas em um instante... – Ham, foi tudo um sonho de alguns minutos –.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O drama circense

O palhaço então colocou a roupa, maquiou-se e repetiu várias vezes algumas citações. Disse a si mesmo que poderia, pois era fácil para ele arrancar gargalhadas do público. Foi caminhando em direção do palco e repentinamente parou...
– Para quê arrancar gargalhadas se nem ao menos arranco o meu próprio riso.
– Se busco incessantemente a graça e ela me escapa.
– Para quê se iludir ao ver os risos alheios se meu próprio riso é mudo.
O palhaço Pensou, e caminhou para o outro lado... para o outro lado contrário do palco. Numa imagem esdrúxula o palhaço sai do circo e andou pela rua, triste!
– Se não consigo ser feliz ou dar risadas, como vou fazer os outros felizes?
– Como vou arrancar delírios?... Palhaço estúpido!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O pescador e o mar


... Hoje o dia não foi muito bom!

– Olha para o céu e o vê todo nublado –

Mas temos mais é que agradecer,
Graças a Iemanjá ainda estamos bem e vivos.

– Não sabe ainda que todo seu sofrimento
É causado por “homens” que se abstém das suas obrigações –

Amanhã, meu Deus, vou tentar de novo.
Quem sabe eu consiga, se Iemanjá acalmar o mar
Vou cumprir o que nasci para fazer...
Colher frutos do mar!
Essa foi à arte que meus ancestrais me passaram.

– Nem eu mesmo sabia o quanto era sutil
A arte de ser um bom pescador. –

Zantotsuken


A vida dá milhões de voltas
Em nós mesmos.



O pensamento modifica a cada momento
Que somos ou vivemos outros conceitos.


É preciso ter cuidado demasiado
Antes de tentar proferir argumentos vazios.


É tendo paciência
Que se constrói o inverso.


O amor não é um sentimento,
Pois estará atrelado ao confuso
Jogo do egoísmo.


Ah, kokoro mada anata No kioku no na
karada sagashiteru tarinai watas.


...?

[...] De fato,
Esqueci mesmo a língua portuguesa!


Um lugar chamado Miséria Brasileira

[ Fotos Fdesign]

– [...] Só tenho um pedacinho de terra. O meu lugar, meu querido!
É essa toda minha virtude, ainda ter um lugarzinho para se poder morar,
Ter um teto para descansar depois de tanta dureza que a vida nos dar. –

Depois desse depoimento fiquei embasbacado e comovido
Por tamanha pobreza que existira naquela comunidade.
Era um lugar extremamente precário e salubre,
Onde seu nome principal era Miséria Brasileira.

Chorei de tanta raiva naquele momento e junto a ela agachei
Acalentando a dor que nós dois sentira naquele encontro.
Derramando o nosso pranto... Ficamos o dia todo!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Só um barraqueiro


A rua, os passos e pássaros, tudo na contínua rotina fatigante que a sociedade produz, chego até afirmar como um barraqueiro que sempre fui: vivi bastante tempo para resumir que os tempos continuam o mesmo!

– ...Olha o tomate! –

Infinito do existir

No infinito busquei com toda minha força
O dom de poder proferir palavras suntuosas
Que causassem efeitos benevolentes.

No infinito da existência debrucei,
E em horas cruzei nas estruturas, roupagem...
Sentimentos.

Num anglo semi perfeito das palavras filosóficas,
Encontrei aconchego e descanso para minha procura.

No infinito mundo que construí,
Deparei quase sempre com o inexistente ou sublime.

Mas nessa busca interminável desses dias completos,
Criei e recriei mundos incríveis
Com toda força do pensamento e da imaginação.

No infinito da existência nunca estaremos completos.
No infinito da procura alcançamos quase sempre...
O infinito da vida!

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Frases soltas

“A arte cuida da necessidade de traspassar as visões de mundo de cada artista”.

Frases soltas

"Dentro das palavras viaja o infinito mundo dos sentimentos humanos”.

Frases soltas

“A carência instiga as novas possibilidades de construir o intrigante”.