quinta-feira, 4 de junho de 2009

Tudo vermelho


Meus olhos estão vermelhos e o inferno passou neles
Deixou suas marcas, suas desgraças, seu fogo.
O inferno dantesco é muito pouco para compará-lo.
Eles vivem trêmulos, tímidos, lentos,
Entram e saem de suas funções.
Não sei o que foi ao certo,
Mas me arrepio toda às vezes
Que chego perto.

Meus olhos estão cansados, calejados,
E o tempo e as coisas me deixaram sem noção.
Só vejo uma imagem, uma cor,
Sem presente, sem passado...
Sem minhas partes.
E sinto qualquer coisa presa na garganta,
Em todo meu corpo,
Em minha face.

Meus olhos estão machucados, debilitados,
E a única visão me derrotou, me aprisionou,
Numa caixa vazia mas coberta de mistérios
Que Pandora ousou furtar.
Minha boca ainda anseia
Que meus olhos
O sublime irá de contemplar,
E torce sempre quando pode
Para o inferno maior não demorar.

Meus olhos estão vermelhos e suas ilusões
São tremendas voltagens,
Confundo-me sucessivamente com o agora,
Pois vivo continuamente no passado
E o agora nem sempre existe em mim.
E tudo mais pretendo guardar,
Fico quieto, semicalado,
Para que eles, depois de muitas batalhas...
Possam melhorar.

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